sexta-feira, 27 de março de 2009

As brechas na fortaleza


Por Alessandro Monteiro


Quem nunca ouviu ao menos uma vez essa palavra tão difundida em todos os meios sociais, econômicos, políticos e religiosos? “BRECHAS”.
Socialmente os criminosos vivem procurando por uma, seja na intenção de infringir a lei, seja de escapar dela.

Na economia, os tais especuladores sempre buscam uma maneira de encontrarem uma brecha para seus investimentos, muito das vezes ilícitos para lavagem de dinheiro ou para enriquecimento sem o pagamento de impostos.
Na política, usando dos dois exemplos já citados, os maus políticos procuram usar de astúcia e da sua influência para fazer as mais fenomenais peripécias. Ultimamente até um castelo digno dos reis europeus existe em solo brasileiro, tudo a custas de dinheiro ilícito.

Na religião temos duas maneiras de exemplo onde se encontram as brechas. O primeiro, na parte material pode ser comparado a todas que já foram descritas até agora. Muitos usam da influência, astúcia, especulação e cometem verdadeiros crimes contra a sociedade, mas esses encontraram a maior de todas as brechas, a aprovação de quem está sendo lesado, amarrando assim as mãos da justiça.

O segundo exemplo de invasão pelas brechas e o mais perigoso é no meio espiritual. Certa vez ouvi uma grande pregação de um grande homem de Deus onde exortou sobre as brechas que deixamos em nossas vidas. Realmente ouvi Deus falar, pois sabemos que a Palavra quando é vinda do Pai, essa marca em nosso coração e dele nunca mais sai.

Nessa pregação, Deus falou sobre uma situação que tem ocorrido muito em nossas igrejas. A conivência com as coisas que estão lá fora, no mundo que não pertencemos mais. A exemplificação foi tão esclarecedora que durante a pregação eu tinha a nítida noção que estava vivenciando o que era descrito. Primeiro uma fortaleza com grandes e fortes muros, onde Deus nos havia colocado para nossa proteção do que estava lá fora. Mas nesses muros, devido aos ataques dos inimigos, haviam criado brechas onde a passagem, tanto de dentro como de fora era possível. Mas foram pedidos voluntários para que fechassem essas brechas. Esses deveriam ser profissionais, ágeis no ofício e rápidos no trabalho. Tudo isso porque o objetivo de fechar as brechas deveria ser cumprido no menor intervalo de tempo possível. Logo imaginei que um ataque estava sendo previsto, provavelmente o inimigo havia cercado a fortaleza esperando a hora certa de invadi-la. Mas no desenrolar da pregação, percebi que estava totalmente enganado.

Foram enviados grupos de voluntários para fecharem as brechas e logo começaram o trabalho, mas num desses grupos havia um muito curioso. Esse examinou a brecha e ficou intrigado do porquê de tanto alarde por parte dos líderes em fechar aquilo logo. Perguntou-se qual o real motivo de terem que ficar presos dentro daqueles muros, pois não ouvia nenhum movimento lá fora há dias. Ele queria liberdade, vivenciar as coisas fora de sua “prisão”, então num momento de falta de sabedoria pensou: “-Se eu der uma olhadinha lá fora, não haverá mal algum!” E assim ele o fez.

Chegou até onde poderia ver a parte de fora e nenhum movimento havia. Isso o fez seguro para sair da fortaleza, mas ainda perto dos muros, pois no caso de um ataque ele teria como correr e se refugiar. Caminhou mais alguns metros e nada aconteceu. Tudo calmo, nada se movia. Nenhum som do meio das árvores. Nenhum perigo. Então num ato de euforia, sentindo-se mais seguro do que dentro da fortaleza, pensando em como tinha sido ignorante ao ouvir seus lideres. Com os olhos cheios do mundo que havia lá fora, ele correu e pulou e gritou de alegria por estar LIVRE. Foi quando ouviu um som estranho que durou poucos segundos! Como se algo cortasse o ar! E antes que ele conseguisse raciocinar o que era aquilo, sentiu algo rasgar seu coração e jogá-lo para trás.

O inimigo estava a sua espreita desde o momento em que espiou pela brecha. Estava com sua seta apontada, mirando no seu peito, apenas esperando o momento certo de alvejá-lo. E assim mais uma vida se foi.
Isso tem acontecido no mundo espiritual, onde somos separados do mundo lá fora, onde Deus é nossa fortaleza e muitas vezes o vemos como uma prisão. Olhamos o mundo lá fora com seus pratos bonitos, que enchem os olhos e nos fazem desejá-lo. Procuramos por uma brecha em nossa própria fortaleza, mas não para fechá-la e sim para escapar por ela. Às vezes agimos como verdadeiros criminosos e usamos a brecha para trazer o mundo lá fora para dentro de nossos muros, profanando o altar em prol da nossa concupiscência.

Fonte: Membro de banco

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